24 de fev. de 2011

ARTE GREGA

A ARTE NA GRÉCIA

Por volta do século X a.C, os habitantes da Grécia continental e das ilhas do mar Egeu formavam pequenas comunidades, distantes uma das outras, e falavam diversos dialetos.
Nessa época, as comunidades eram muito pobres, mas aos poucos foram enriquecendo e se transformando em cidades-Estado. Com o aumento do comércio, essas cidades-Estado entraram em contato com as culturas do Egito e do Oriente Próximo, cuja a arte despertou admiração nos gregos. Assim, embora a princípio os artistas gregos tenham imitado os egípcios, depois passaram a criar sua arquitetura, escultura e pintura, movido por idéias próprias em relação à vida, à morte e às divindades.

A ESCULTURA

Aproximadamente no fim do século VII a.C. os gregos começaram a esculpir em mármore grandes figuras masculinas – Kouros – 525 a.C.
Na Grécia, a arte não tinha função religiosa, como no Egito. Sem submeter-se a regras rígidas, a escultura evoluiu livremente. O escultor grego começou, então, a não se satisfazer mais com a postura rígida e forçada de suas esculturas. Dessa evolução resultaram trabalhos como Efebo de Crítios.
Também para superar a aparência de rigidez e imobilidade, o escultor grego procurou representar as figuras em movimento. É o caso do Discóbolo, de Míron.
A melhor solução para superar a aparência da imobilidade foi encontrada pelo escultor Policleto na escultura Doríforo (lanceiro).

A ARQUITETURA

As contruções que se destacam na arquitetura grega são os templos. Hoje em dia, os templos são construídos para reunir dentro deles, pessoas em cultos religiosos. Entre os gregos, porém sua finalidade era proteger das chuvas ou do sol excessivo as esculturas de deuses e deusas.
O templo era construído sobre uma base com três degraus: as colunas e as paredes do templo eram erguidas sobre o mais elevado deles. O conjunto formado pelas colunas e pelas estruturas a elas ligadas obedecia a dois modelos: o da ordem dórica e o da ordem jônica.
A cobertura dos templos era constituída de dois telhados altos no centro e inclinados para os lados. Essa posição de telhado, tanto na entrada do templo como no fundo, criava um espaço em forma de triângulo – o frontão - , que era ornamentado com esculturas.

A PINTURA EM CERÂMICA

Na Grécia, a pintura em cerâmica tornou-se uma forma especial de manifestação artística. Os vasos gregos, ou ânforas, são famosos pela beleza da forma e pela harmonia entre desenho, cores e espaço utilizado para a ornamentação. Eram usados em rituais religiosos e também para armazenar água, vinho, azeite e outros alimentos. À medida que passaram a apresentar uma forma equilibrada e um trabalho harmonioso de pintura, tornaram-se também objetos de decoração.
As pinturas representavam cenas da mitologia grega e de pessoas em suas atividades diárias. Inicialmente o artista pintava, em negro, a silhueta das figuras. Depois, fazia os detalhes do desenho retirando a tinta preta. O maior pintor de figuras negras foi Exéquias.
Aproximadamente em 530 a.C., Eutímedes, discípulode Exérquias, introduziu uma grande modificação na arte de pintar vasos: inverteu o esquema de cores, isto é, deixou as figuras na cor natural do barro cozido e pintou o fundo de negro, dando início à série de figuras vermelhas.

A ESCULTURA NO PERÍODO HELENÍSTICO

No século IV a. C., Filipe II, rei da Macedônia, dominou a Grécia. Ao morrer, foi sucedido pelo filho, Alexandre Magno, que construiu um gigantesco império: manteve o domínio sobre a Grécia e conquistou a Pérsia e o Egito. Com sua morte, o império dividiu-se em vários reinos nos quais se desenvolveu uma cultura semelhante à grega – daí ser chamada de helenística, de Hélade, como a Grécia era conhecida.
A escultura desse período apresenta características bem diferentes da dos períodos anteriores. Uma delas é a tendência de expressar, sob forma humana, idéias e sentimentos, como paz, amor, liberdade, vitória, etc. Outra é o inicio do nu feminino, pois nos períodos arcaico e clássico as figuras de mulher eram esculpidas sempre vestidas.
No início do século III a.C. os escultores já aceitavam a idéia de que suas figuras deveriam expressar movimento e despertar no observador o desejo de andar em torno delas para examiná-las de vários ângulos.
A grande novidade da escultura do período helenístico, entretanto, foi a representação de grupos de pessoas, em vez de apenas uma figura. Todo o conjunto devia dar a impressão de movimentos e permitir a observação por todos os ângulos. Conforme a obra O soldado gálata e sua mulher.

A PINTURA, NA GRÉCIA ANTIGA

A pintura, na Grécia antiga, foi em geral associada a outras formas de arte, como a cerâmica, a estatuária e a arquitetura. Ao contrário do caso da pintura cerâmica, restam pouquíssimos exemplos de pintura mural ou de painel, e a maior parte do que se sabe sobre esta forma de expressão plástica deriva de fontes literárias antigas e algumas cópias romanas.

A PINTURA MURAL

A história recorda apenas poucos nomes de pintores do período arcaico, como Cleantes de Corinto, Boularcos e Cimon, mas só podemos especular como teria sido a sua produção. Alguns vestígios da pintura daquele período são encontrados em murais de Ístmia, em métopes de Thermon e em algumas placas de madeira e cerâmica encontradas em Corinto e Atenas, e traem a influência da arte egípcia e asiática, mantendo uma similitude com as técnicas de pintura em vasos. A arte mural etrusca desta época deve muito à arte grega, mas mesmo desenvolvendo-se em linhas próprias é uma fonte de informação preciosa para o conhecimento da pintura grega arcaica.
Obras mais significativas só sobrevivem a partir do século V a.C., quando a pintura mural adquire independência da pintura cerâmica e abandona seu caráter eminentemente gráfico passando para um tratamento de fato pictórico das superfícies, com emprego de vivos efeitos de pincel, manchas de cor com gradações de tons e veladuras. Destacam-se os murais realizados em uma tumba de Paestum, na Itália, por um artista desconhecido, e hoje preservados no Museu Arqueológico de Paestum, revelando um bom conhecimento de anatomia e um desenho habilidoso, com olhos em perfil e elementos paisagísticos. Nesta fase outros artistas deixaram seu nome na memória dos pósteros, como Polignoto, o mais importante do período clássico, afamado pela boa caracterização fisionômica e vivacidade de seus retratos. Um vaso preservado no Louvre, ilustrando o massacre dos Nióbidas, talvez espelhe o seu estilo. Também tiveram notoriedade Mícon, irmão de Fídias, e Panaios, estes últimos produzindo em conjunto uma cena da batalha de Maratona. Agatarcos introduziu inovações na perspectiva e Apolodoro aperfeiçoou a realização das luzes e sombras.
Do século IV a.C. são importantes os murais da Pequena Tumba Real de Vergina, ou a Tumba de Perséfone, o mais antigo exemplo remanescente em bom estado de pintura mural de alto nível e em grande escala, sendo de especial interesse pela sua riqueza emocional e espontaneidade do desenho, já apontando para os desenvolvimentos do Helenismo. Aparece nesta época também a técnica de justaposição de pinceladas em cores diferentes para à distância obter-se um efeito cromático especial, numa técnica que tem afinidade com os princípios modernos do impressionismo e do pontilhismo - embora com efeito final diferente.
Dos artistas foram notáveis Zeuxis, Demétrios e Parrásios, e sobretudo Apeles, talvez o maior dos pintores da Grécia antiga, um artista de transição entre o classicismo e o helenismo, introdutor de inovações técnicas, autor de um tratado sobre pintura infelizmente perdido, e pintor oficial de Alexandre o Grande. Nada de sua produção chegou até nós, mas as descrições que foram feitas por Plínio e Pausânias influenciaram artistas até no Renascimento. Entretanto, parece que um painel encontrado em Pompéia seja uma cópia da Afrodite Anadiômene de Apeles.
Outra obra importante é a da Grande Tumba Real de Vergina, datada de 336-317 a.C., cuja fachada é decorada com uma grande cena de caça ao leão, com sutis gradações de cor e sombreado, num estilo que é diretamente devedor a Apeles. Em estilo semelhante é o grande mosaico mostrando o combate entre Alexandre e Dario, hoje no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles, quase com certeza uma cópia muito fiel, ainda que em técnica diversa, de uma pintura de Folixeno de Erétria.
Em Alexandria se encontraram alguns remanescentes em bom estado de pinturas em estelas funerárias, datando dos séculos IV e III a.C., que evidenciam a evolução do estilo em direção a uma sofisticação na perspectiva, com sutil gradação de cores e linhas delicadas e fluentes. Outras pinturas de Pompéia e Herculano também podem ser interpretações bastante próximas do estilo pictórico helenístico, embora não se possa afirmar com certeza se são tão fiéis aos seus modelos gregos como ocorreu com a estatuária.

AS TÉCNICAS

Os gregos são reputados como os precursores da pintura ocidental em diversos aspectos, tendo desenvolvido a representação com ilusão de tridimensionalidade através do sombreado e de elementos de perspectiva, inovações aparecidas por volta do século V a.C. Até então a representação da figura era basicamente plana e linear, com a cor meramente preenchendo áreas definidas por um contorno. Outro aspecto bastante característico da fase clássica foi a redução da paleta para quatro cores básicas: vermelho, amarelo, branco e preto, com o restante das cores reintroduzidas na transição para o helenismo. Esta limitação parece estar associada a um simbolismo até agora não elucidado satisfatoriamente, e é bem possível que a terminologia usada para descrever os aspectos técnicos da pintura grega antiga tenha tido uma tradução e interpretação que não correspondem à verdade, o que é sugerido por diversas passagens contraditórias e mesmo incompreensíveis de certos textos literários.
É importante notar que na Grécia antiga a visão que se tinha da arte diferia radicalmente da contemporânea, e pelo menos até a fase helenística não existia o conceito de arte pela arte, mas tudo o que se fazia antes tinha um propósito eminentemente funcional - como oferenda aos deuses, comemoração de algum evento histórico ou de algum ato heróico, memento de algum personagem ilustre, e assim por diante. Na verdade sequer existia uma palavra específica para arte, chamada simplesmente de techné, técnica ou artesania; em suma, era um dos diversos ofícios manuais, mas isso não impedia que os artistas fossem orgulhosos de seus trabalhos e muitos assinassem suas obras para eternizar sua própria memória, algo inédito na história da arte ocidental.
Quanto aos suportes, é geralmente aceito que eram usados a madeira, a pedra (incluindo a alvenaria das construções), o gesso e a terracota. Não há evidências sólidas do uso de suportes em tecido como a tela de algodão, salvo para uso em cenários de representações teatrais, só sendo mais largamente empregados a partir do período romano. Nos materiais eram comuns o afresco e a têmpera, com a encáustica sendo introduzida pela escola de Sicônia. O óleo parece ter sido conhecido, mas não largamente empregado. Os motivos, como em toda a arte grega antiga, privilegiavam o corpo humano, com representação de uma variedade de cenas de heróis e deuses, bem como de momentos mais prosaicos e domésticos. A paisagem e os elementos arquiteturais de fundo foram sempre tratados mais simplificadamente, mas a ornamentação geométrica e fitomorfa era generalizada.

Principais escolas

• Escola Ática, cujo expoente maior foi Polignoto, trabalhando principalmente com a figura humana. Outros autores desta escola foram Agatarcos, que devido à sua associação com o teatro desenvolveu a representação de elementos de arquitetura e o uso dos contrastes de luz para criar a ilusão de perspectiva e volume, e Apolodoro, o primeiro, segundo Plínio, a descobrir as gradações de cores e a aplicar as descobertas de Agatarcos à figura humana.
• Escola Jônica, florescendo após a Guerra do Peloponeso, mas em atividade desde o século VI a.C. Introduziu avanços em relação à escola Ática no que toca ao efeito de ilusão tridimensional, técnica desenvolvida em especial por Zeuxis, considerado um mestre na ilusão, tanto que correu uma lenda sobre uvas que havia pintado que teriam sido bicadas por pássaros, imaginando que se tratavam de frutas reais. A técnica do chiaroscuro, ou sombreado, também recebeu mais atenção e refinamento. Parrásios parece tê-lo superado no efeito ilusionístico, e enquanto Zeuxis iludiu as aves, Parrásios iludiu o próprio Zeuxis com um cenário. Por fim Parrásios foi derrotado em um concurso por Timantes, cuja obra O sacrifício de Ifigênia pode ter sobrevivido em uma cópia romana de Pompéia.
• Escola de Sicônia, surgida após as Guerras do Peloponeso com Eupompos, reagiu contra o ilusionismo da escola jônica, tido como fútil, com a introdução de métodos mais austeros de desenho e colorido. Seu discípulo Pânfilo levou a escola à maturidade, e é creditado como o introdutor na encáustica, embora esta técnica deva ter sido conhecida antes. Outro artista é Pausias, que trabalhou mais extensivamente a cena de gênero e a natureza morta, e foi celebrado pelo eficaz uso do escorço na representação de um touro visto de frente.
• Escola Ática-Tebana, a última a aparecer, já no século IV a.C., com destaque para Nicômaco e Aristides, que deram mais emoção às figuras. Eufránor e Níkias também pertencem a esta escola, que desenvolveu técnicas de tridimensionalidade mais impactantes, com modelado mais volumoso do corpo humano.
• Escola Helenística, não propriamente uma escola unificada, mas designa um período em que a arte grega se expandiu enormemente pelo norte da África, Ásia e Itália, absorvendo elementos de outras culturas bem como dando sua contribuição para estas. Neste período dominou Apeles, de talento nitidamente superior a todos de sua geração, talvez com a exceção de Protógenes. A pintura se desenvolveu para um estilo teatral e mais imitativo da natureza. Depois deles não se registram mais grandes nomes, e os artistas ainda ativos passaram em grande parte à esfera de influência romana, trabalhando na Itália, onde deram a direção para a arte mural naturalista encontrada por exemplo em Pompéia e Herculano, e no Egito, onde também deixaram importante contribuição para desenvolvimento de um estilo local, visível nos famosos retratos de Fayum.


Referências Bibliográficas
PROENÇA, Graça. Descobrindo a História da Arte, 1 ed. – São Paulo: Àtica, 2008.

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